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Presidente russo voltou a ameaçar utilizar armas atômicas
O discurso é abertamente uma retórica de guerra: "Gostaria de lembrar àqueles que fazem afirmações sobre a Rússia que o nosso país também dispõe de vários meios de destruição e que, em alguns casos, eles são mais modernos do que os dos países da Otan. Se a integridade territorial russa for ameaçada, utilizaremos todos os meios disponíveis para proteger a Rússia e o nosso povo."
Foi isso que o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, comunicou à população russa – e mundial – nesta quarta-feira (21/09). O líder russo acusa o Ocidente de chantagem nuclear. E não deixa dúvidas sobre a sua posição: "Isso não é um blefe. E aqueles que tentam nos chantagear com armas nucleares devem saber que a direção dos ventos pode mudar e apontar para eles."
Em seu discurso, Putin não apenas ameaçou o Ocidente por meio do uso de armas nucleares, como também anunciou a mobilização parcial de 300 mil reservistas.
"Desde o início da guerra, temos ouvido repetidamente ameaças do tipo, que podem ser interpretadas como uma ameaça de uso de armas nucleares", aponta o coronel da reserva da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) e especialista em política de segurança Wolfgang Richter, em entrevista à DW.
"A ideia por trás disso é possivelmente [enviar] um recado aos Estados ocidentais: se vocês [o Ocidente] interferirem na guerra ou mesmo atacarem o território russo, um ataque nuclear torna-se mais provável", acrescenta.
Em entrevista à BBC, a ex-secretária-geral adjunta da Otan Rose Gottemoeller não descarta a possibilidade de que a Rússia possa, de fato, utilizar armas nucleares: "Receio que, agora, eles possam atacar de maneira imprevisível. E de uma forma que poderia envolver até mesmo o uso de armas de destruição em massa", advertiu.
Richter, por outro lado, não vê a situação de maneira tão dramática e aponta para a doutrina nuclear russa, que prevê o uso efetivo de armas nucleares em apenas dois casos: "Primeiramente, se a própria Rússia for atacada por armas nucleares ou de destruição em massa. Em segundo lugar, se a existência e a sobrevivência do Estado russo estiverem em jogo". No entanto, caso áreas invadidas forem anexadas pela Rússia e posteriormente declaradas como parte do território russo, tais cenários previstos na doutrina não teriam força na legislação internacional, argumenta o especialista.
Fuente consultada https://www.dw.com/